O que antes era um blog por si só, passa agora a ser uma rúbrica no PIRIING. Ontem, ao ouvir a música que vos deixo em formato vídeo, apercebi-me de que, invariavelmente, ao ouvir estes sons, viajo no tempo e estou em França. Esta música reporta-me para o final de uma viagem começada em Folkestone (UK), passagem por Calais (F) e destino final Tours (F).
Quando a oiço e fecho os olhos, vejo as paredes do pequeno apartamento em Tours, sinto o cheiro do doce de laranja usado nos pequenos-almoços, o cheiro das baguetes trazidas da "boulangerie" ali mesmo pertinho de casa, estaladiças, ainda quentes... os queijos... e o barulho dos passos dos vizinhos nas escadas de madeira do edifício, em cujo rés-do-chão se instalava uma velha tipografia.
A "montanha" de latas de água tónica que, depois de vazias, eram religiosamente guardadas e empilhadas em cima do balção da cozinha e faziam, assim, parte da decoração do espaço. Os sacos cheios de rolhas das garrafas de vinho que eram abertas e bebidas; nenhuma rolha era deitada no lixo. Os mapas nas paredes, com as regiões vinículas assinaladas e as bicicletas enconstadas a uma parede à espera dos dias de passeio.
Hoje, estou particularmente saudoso do percurso feito até chegar a Tours. Em apenas trinta minutos o comboio que partia de Folkestone, deixava-nos em Calais. Daí até Tours era uma viagem de carro que me deixava sempre maravilhado, não pela paisagem propriamente dita, mas pelo que representava: eu vivia como cidadão do mundo, e os percursos não eram condicionados pela insularidade ou recursos financeiros. Íamos aonde queríamos e quando o desejávamos.
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