OOP EXPERIENCES

20130226

online | o sagrado virtual

As pessoas que têm entes queridos sepultados num cemitério distante podem descobrir-se dispensadas de fazer uma grande deslocação para prestarem homenagem aos defuntos.

Estarão dispensadas, também, da oração privada e espiritual. Com o passar do tempo, serão dispensados ossos e carne nos ainda vivos e tudo será binário em uns e zeros no Sagrado Virtual.

O futuro trará a evolução do processo de morte e consequente procedimento funerário. Após terminada a vida, em vez de enterrados ou queimados, os finados entrarão num processador informático que transforma toda a matéria orgânica em sequências binárias, por meio de altas patentes tecnológicas detidas por grandes devoradores financeiros pelo bem comum.

Os dados electrónicos dos restos mortais de uma vida ambulante serão depois armazenados em nuvens cujo acesso é permitido através de login próprio, [im]pessoal e [in]transmissível. 

Haverá a modalidade para pagantes, que contemplará a visita virtual ao finado, a vela virtual e a oração virtual à escolha de entre uma míriade de opções [virtuais]. Poderão deixar-se mensagens de saudade, de pranto, de conforto e de condolências. Nesta modalidade, a sequência binária original do defunto permanecerá armazenada enquanto durar o pagamento.

Para os menos afortunados, haverá a versão gratuita que contemplará todas a funcionalidades da versão paga, mas apenas até à missa do sétimo dia [ou durante uma semana, dependendo do que acontecer primeiro]. A partir desta data, e na falta de pagamento, os dados electrónicos serão eliminados transformando o finado numa espécie de não-pessoa para a eternidade.

A alucinante arritmia do planeta agradece. A humanidade esquece. Assim evoluirá a vida para além das grutas e a morte, sem elas, se finará.

A orgânica da vida dispensa-se; a das máquinas, Deus nos livre!

1984 | the future is nigh

There will be no curiosity, no enjoyment of the process of life. All competing pleasures will be destroyed. But always - do not forget this Winston - always there will be the intoxication of power, constantly increasing and constantly growing subtler. Always, at every moment, there will be the thrill of victory, the sensation of trampling on an enemy who is helpless. If you want a picture of the future, imagine a boot stamping on a human face - forever.

[Part III, Chapter III, Nineteen Eighty-four - George Orwell]

esquecimento | e outras saúdes mentais

O perfil que eu tinha no facebook e ao qual raramente dava uso, foi ontem eliminado. Finalmente, fiz o que já andava mortinho por fazer há meses. And I'm feeling good. 

Aproveitando o tema, transcrevo parte de um comentário deixado por um anónimo num site de notícias online [feel free to use it as food for thought]:
O telemóvel faz desaparecer a dimensão espaço. A net faz desaparecer a dimensão tempo. O que será da saúde mental num futuro próximo, onde tudo ficar escrito, fotografado e publicado e for impossível esquecer?

dogma | é melhor guardar antes que oscile

Aceitam-se esclarecimentos.

dogma | tudo o que é pequeno tem a sua graça

Aceitam-se desmistificações.

sapiências | em hora de expediente

Eu quando tiver oitenta anos já não preciso foder. Já não tenho tesão. Vou precisar de uma reforma de cinco mil euros para quê? Para ir às putas? Para isso preciso de vinte euros de vez em quando.

spiderbunny tales | shore

Resulta por vezes num grande escape o minúsculo mamilo acarinhado pelo dedo que percorre e se demora, até que adormece no veludo da pele à beira-mar. A branca espuma em linha de margem desmistifica a hesitação e reproduz-se mais acima, em contra-mão.

20130219

gare do oriente | a referência

Já lá me orientei algumas vezes.......

e) por favor aguarde

Antes de publicar o esclarecimento na sua versão desenho, vou chantagear o gajo.
Acho que é desta que o obrigo a devolver-me as figurinhas do Ben 10 Alien Force.


20130217

spiderbunny tales | ainda em segredo

Morde a pétala de gengibre em açúcar cristalizado e pende a meio com o frenesim do costume. A noite cresce em azúis sombreados na vista que tem para fora da janela, do sótão e de si.

artes | e outros ovícios

Quando deixa por descuido cair o cigarro dos dedos, em vez de se afastar aos gritinhos histéricos como as outras delicadas meninas do coro, apanha o objecto fulminante na palma da mão aberta para o efeito, e só depois se apercebe que queima. Solta um foda-se à macho.

inquilynus | a confissão

- A Mia adora quando está sozinha aqui comigo. Não há disciplina!

marketing | repensar as formas

Analisemos um universo de gajos com cabelo curto e que usam gel para parecer que acabaram de tomar banho e lavar o cabelo.

Em quantas destas situações deveria o produto utilizado ser anunciado como Efeito Estalagmítico em vez do banal e não tão fiel à realidade Efeito Molhado?

inevitabilidades | acerca do cão que caga no caminho

Prende-se com situações em que um gajo apanha uma intoxicação alimentar porque é todo vegetariano e opta por ir comer ao vitaminas.

Se isto não é a forma mais óbvia da natureza mandar o cromo levar no ** e fazer-se um homem...

melgas | friend or foe?

- As formigas também não fazem mal e andam aí!
[e aponta abstractamente com o olhar para a minúscula constatação do óbvio]

acerca das unhas da mia | voting time

a) cortar
b) pintar

20130201

near death experience | flashnews

Foi por um triz que não me feneci ainda agora, quando me cortei gravemente num dedo. Preparava eu um humilde pãozinho com queijo para cear com um copinho de leite achocolatado.

O queijo da ilha tem destas façanhas... é muito fácil a faca resvalar no corte de uma modesta fatia, e saltar em flecha para o dedo. Foi assim que vi passar a vida em frente aos olhos regados de lágrimas.

Por sorte, o Inquilynus veio a correr ver o que se passava, olhou para o dedo ensanguentado, virou imediatamente a cabeça e desapareceu. Foi à procura de água oxigenada e de pensos rápidos. Não encontrou nem uns nem outros e lá tive eu, às portas do céu, que ir procurar os curativos.

Por pouco não ficavam todos vocês orfãos deste blogger que vos entretém em último lugar da lista de dez coisas a fazer quando se está entediado.


the paradox | freewriting


free zone | the paradox

Os meus cadernos não têm pop-ups nem tentam fazer-me comprar, a qualquer custo, um produto virtual que desconheço e não desejo.

Os meus cadernos reproduzem fielmente as minhas intenções e servem como memória dos momentos que, de outra forma, seriam guardados nos tabs de favoritos que registam secretamente cada passo que dou, cada sítio por onde me passeio, a que horas, em que dias, a partir de que local.

Os meus cadernos são secretos, e partilho-os apenas com quem quero, quando quero, e em que páginas quero.

Os meus cadernos não são virtuais; existem. Fisicamente, eles são e manuseiam-se; têm cheiro, têm toque, sentem-se. São imunes a likes automaticamente vazios e a seguidores preguiçosos e homogéneos.

Ainda assim, os meus cadernos vêm filmes na net e registam o que ficou de melhor... tudo isso sem ter que partilhar dados pessoais em contas suspeitas e consecutivas para que sejam perseguidos por pássaros irritantes chamados Larry e outros meios que, da mesma forma, vão dar ao mesmo nada.