OOP EXPERIENCES

20081028

|já|te|vi|tantas|vezes|

É-lhe servido para jantar a rocha que anda cravada no seu peito há muito tempo. Nela se refugia e se esconde, tapando os olhos com a mão quando a luz inicia a batalha contra a escuridão.

No prato, para além da rocha, há um punhado de salada com umas folhas de alface, umas raspas de cenoura e uma tiras de repolho (ou couve branca, lombarda... o raio!) e uma batata assada.

A mesa comprida mas completamente vazia de adereços espreguiça-se até à fenda por onde o ar se exercita ao entrar sendo rapidamente consumido e raramente renovado.

O cheiro a cerejas adocica gentilmente o aparador onde também se ergue uma vela que derrama cera enquanto se esvai numa chama desmaiada.

Não há vinho na adega e talvez também não haja adega nenhuma. Ele levanta-se para averiguar. Caminha com o tacto da palma das mãos a reconhecerem as paredes e quando por fim sente a maçaneta de uma porta, volta atrás para pegar na vela e ao virar-se novamente, a desmaiada chama morre finalmente.

Ele suspira um foda-se com uma falta de entusiasmo demasiado grande para tão enfático palavrão. Às cegas consegue reencontrar o seu lugar à mesa, confunde a batata com a rocha que lhe foi servida e fica com a ligeira sensação de ter partido um dente.

A única janela que existe está arrematadamente escondida por detrás de caixotes cujos conteúdos são melhor deixados por desvendar.

20081023

| am so over you |||

2209651**
calling...

-Quem será? _pergunto eu, baixinho. não está ninguém em casa, por isso não vale a pena perguntar alto.

Atendo.

-Boa tarde, fala bla bla bla, da bla bla cabo bla bla. Tenho o prazer de estar a falar com o Sr. (o meu nome aqui)?
-Sim. _obviamente que ele estaria com muito prazer de falar comigo, apesar de eu estar sem pachorrinha nenhuma para falar com ele.
-Posso apresentar-lhe as novas promoções bla bla bla bla bla bla bla bla? Bla bla?
-Sim. _foda-sss! SIM? mas que parvalhão é que responde sim a uma pergunta dessas?
-Mas antes deixe-me só confirmar aqui uma coisa consigo. Ainda mora na Alameda Vieira da Silva número

Eu tive que me impôr!!! Tive que cortar a conversa e mostrar quem é que mandava ali. Pareceu-me que não me iria fazer muito bem ouvir alguém pronunciar a minha anterior morada... Não perguntem. Mas não quis ouvir.

-Não. _eu sou craque nas respostas monossilábicas_ De momento estou a viver nos Açores. _golpe de mestre. Era impossível que tivessem alguma promoção para residentes nos Açores. A nossa conversa tinha chegado ao fim, at last.
-Aahhh... Agora está a morar nos Açores?!...
-
_a minha resposta foi o silêncio. Aquele senhor já se devia ter apercebido que nós os dois ... não era coisa pra durar. Não ia resultar.
-Então sendo assim, boa tarde! Vou já actualizar os seus dados.

_if you must!

20081022

know|e west boy

Pois o Tricky está com esse novo álbum. Muito bom.

Quer dizer... há algumas músicas que não me dizem nada. Mas outras que são altamente. Como essa que vos deixo: Enjoy!!


veronika

cicap||ast

IT ROCKS.
IT RULES.

Não é que a porrinha do creme/pomada/tsf é eficaz pra caralho?

Apliquei antes de ir deitar. Na manhã seguinte a vermelhidão tinha passado em cerca de 96%, a irritação em cerca de 98%. Tudo isso após uma aplicação do produto. Uma apenas.

Nunca antes dois euros e meio me deixaram tão agradado.

20081020

cicap|ast

Escrevam o que vos vou dizer (ou melhor... digam o que vos vou escrever): Isso ainda vai dar que falar!
De há uns dias para cá, a minha zona queixo-pescoçal tem andado um tanto irritada. Já lhe aconselhei a juntar-se ao grupo dos Irritados Anónimos, mas não há maneira... e é pelo encravado, zona vermelha à volta, zona sensível à volta da zona vermelha à volta do pelo encravado, é unhas e dedos a roçar na zona toda a ver se a comichão auto-induzida dá conta do recado, e nada!
Hoje, por fim, achei de também eu ficar irritado. Não tive meias medidas... Sim! Fi-lo!
Eu fui à farmácia!
/Com licença, com licença... E, apontando com o dedo para a zona vermelha, sigo em frente acreditando piamente ter prioridade de atendimento. Pelo encravado!/
- Boa noite. Tenho essa zona aqui irritada... pelo encravado /silêncio longamente curto para criar ambiente propício a uma exclamação de incredulidade.../ O que têm para isso?
Depois de me trazerem dois pacotinhos longos, explicaram-me que ambos os produtos fariam o seu papel na melhor das suas capacidades mas que esse (cicaplast) talvez por ser dois euros e meio mais caro seria o melhor por causa disso, daquilo, e daqueloutro. Em suma, por causa de ser dois euros e meio mais caro.
Trouxe-o. Esse pelinho encravado ainda vai arrepender-se de um dia se ter dobrado na direcção errada. Paneleiro!!
Chego a casa. Nas calmas. Eu sei que a batalha está ganha.
Mas pelo sim pelo não vou a ler o papelinho barulhento que está todo fininhamente dobrado dentro do pacotinho longo que traz a bisnaga do CICAPLAST /braços estendidos para cima, cabeça inclinada ligeiramente na mesma direcção e gargalhada sinistra de vitória antecipada/.
"Cicaplast ajuda a acelerar o processo natural de reparação, estimulando a reconstrução da barreira cutânea e protegendo a pele graças a um efeito escudo protector."*
E depois ainda mais uns quantos parágrafos com letra de tamanho ridiculamente minúsculo, a falar de todas as qualidades do produto, usando 75% de todos os termos do vocabulário português que apenas 0,9% da população falante do idioma pronuncia mais do que uma vez na vida.
Até chegar ao seguinte:
"A tolerância de Cicaplast foi igualmente testada na pele dos lábios, podendo também ser utilizado para essa indicação. A sua fórmula resistente à água é particularmente interessante nesse caso."**
Particularmente interessante.
Particularmente interessante.
Como assim? Será que a fórmula faz uma festa nos lábios e convida toda a gente? Ou será que se pôe a contar histórias fascinantes sobre o seu passado até agora desconhecido?...
Cá pra mim... essa fórmula não é nem mais nem menos do que o TSF***!!!
________________________________

* in Papelinho barulhento que está todo fininhamente dobrado dentro do pacotinho longo que traz a bisnaga do CICAPLAST
** idem
*** TSF: Terceiro Segredo de Fátima (N. do E.)

20081017

|et_the_madness_begin

THE IMP

O Senhor das Trevas mais eeevil de todos os tempos.
Atentem na gargalhada.
Diabólica.

Que

do!

20081015

a|one>to>go>high

Hoje, fui acusado de ser um falso! Porque para além de andar ultimamente tão ausente, nem mesmo hoje - que foi dia de minha folga - disse nada a ninguém. Ok Ok... dou a mão à palmatória. Não tenho, de facto, estado muito presente, nem mesmo quando estou presente.
O vídeo seguinte, enquanto vídeo, é do mais desinteressante que possa haver na redondeza toda dessa Terra. Terão a oportunidade de o confirmar já a seguir. Mas a experiência musical, na sua extração de imagem, tem constituído, para mim, ultimamente, uma proximidade assustadoramente grande da forma como me tenho vindo sentir de há algum tempo para cá.



Caso tenham levado a minha palavra como certa quando vos disse que o vídeo era desinteressante e, por tal, clicaram no play > prosseguindo, de imediato, com a leitura desse registo, agradeço humildemente a atenção, mas receio não ter mais nada de jeito pra dizer. Podem, no entanto, ir lendo a letra da música.
I never meant to go
I never meant to fall
but I'm only gone
I never meant to go
I'm only gone inside
my own
Some day I'll wake you
Some times I'll wait for myself
Some day I'll hold you through
Tonight I'm alone to go high
Tonight I'm alone to go high
Tonight I'm alone to go
In state of confusion
you made an illusion
State of confusion you made an illusion
It is exciting to be away
Feeling you all inside of me
I'm standing here but I'm really gone
Some day I'll wake you
Some times I'll wait for myself
Some day I'll hold you through
Tonight I'm alone to go high
Tonight I'm alone to go high
Tonight I'm alone to go
In state of confusion
you made an illusion
State of confusion you made an illusion
You see me as I go
You've been precious to me
I've been blessed in the way
But Now I'm falling
I'm inside
Aos que não acreditaram na minha palavra e optaram por ficar especados a olhar pró desinteressantismo do vídeo e só agora é que acordaram prá vida...
DAMN YOU ALL!!!

20081002

4000 frames|

HOW IT ENDS_BY_DEVOTCHKA

Há momentos em que paramos... e a vida corre rápida e inexorável, enquanto nos deixamos quedar, prostrados, perante sensações estranhas, inquietas. Há momentos em que tudo pára. Menos a vida de quem viu tudo parar. Essa corre, veloz... parece que se apressa a chegar a qualquer sítio.
Há um mês atrás, parou-me a vida. Por instantes tudo ficou surdo, tudo ficou afónico, tudo ficou cego. Parou tudo. Parecia que tinha sido atingido por uma força tal que me congelava, que me impedia o pensamento, o sentir, o querer e o viver.
Por muitas mensagens que leia, por muitas vozes que me digam, por muitos gestos que me transmitam que tu permanecerás sempre, o que eu sei, Palhacito, é que te não tenho mais. Que não estás mais. Que não ouvirei jamais, novamente, a voz da tua realidade viva. O que eu sinto, Palhacito, é uma perda devastadora, que nem em quatro mil palavras a poderia descrever, nem em quatro mil frames a poderia transmitir. O que eu sei, Palhacito, é que te perdi.
Não me angustia a falta que me fazes agora, nesse instante. Angustia-me a falta que tens feito desde há um mês para cá, e a falta que sempre farás, eternamente... No meu hoje, no meu amanhã, no meu depois de amanhã, e no meu sempre e sempre e sempre.
A vida vai passando, super sónica... deixando um ruído como rasto, uma confusão de momentos que tão depressa nascem como se fazem passado. Em meios segundos, tanta coisa acontece, tanta coisa se fez, se disse, se sentiu, se viu e se ignorou... Apenas a tua falta é lenta. Apenas a tua ausência permanece, apenas o que eu sei se mantém... Que te perdi. Que não estás mais.
No coração sempre te tive, sempre te tive na alma... Mesmo quando, há 4000 frames atrás, partilhávamos um mesmo espaço físico. Não foi agora que te ganhei na alma... já te tinha ganho há muito tempo. Nada alterou isso. O que alterou foi que partiste. Que o abraço deixou de ser possível, o sentir-te perto, fisicamente perto, deixou de ser real.
Não voltaste não ao teu estado de luz, não foste não habitar na metade da nossa estrela, não estás não a ver-nos através de uma janelinha no firmamento... Por vezes, Palhacito... não acredito em nada disso. Por vezes o que sinto e sei, é que morreste. Que te não tenho mais.
E a minha vida vai parando e voltando a correr... e ora pára de novo... e ora corre mais um pouco... Mas em qualquer desses estados de movimento/inércia da minha vida, as quatro mil frames percorrem - ininterruptamente - tudo o que era teu e meu, tudo o que era nosso... tudo o que tu valias, e valerás sempre, para mim.