Isto já me anda atravessado na garganta há muito tempo e, finalmente, vou vomitar o que penso.
Sabendo desde já que o conteúdo deste post deixará reticentes muitos leitores, apelo para o facto de que não existe obrigatoriedade de partilha de opiniões bem como não se implora por críticas desnecessárias apenas porque vão ao encontro do politicamente correcto.
Não me recordo em que dia, mas deve ter cerca de uma semana, estava eu no caixa do hipermercado para pagar as minhas medíocres compritas quando, ao fazer o somatório, a mocinha pergunta:
- Quer arredondar a conta para cima para ajudar a Madeira?
O quêêêêê? E arredondá-la para baixo para me ajudarem a mim? Não?
Tenho muita pena de todas as vítimas de qualquer desastre em qualquer parte do mundo. Não é isto que está em causa. Mas vão é para o caralho que os foda com este exagero que se fez em relação ao que aconteceu na Madeira.
Aqui há uns anitos a freguesia de Ribeira Quente ficou soterrada devido a derrocadas. Famílias morreram debaixo dos escombros das suas próprias casas e os que sobreviveram ficaram totalmente isolados por algum tempo até que socorros pudesse fazer-se valer. Não me recordo de se ter feito tanto alarido, ou de tanta gente ter mostrado a sua solidariedade.
Um canal de televisão fez uma angariação de fundos através de uma central telefónica e foram angariados 400 e tal mil euros a favor da Madeira. Quase meio milhão de euros. Ontem ouvi nas notícias que os prejuízos na Madeira estão na ordem dos 1,5 milhões. Creio que ter já um terço deste prejuízo coberto pela boa vontade dos outros é já bastante. Há necessidade de continuar a bater nos olhos do povo com a desgraça Madeirense? Querem o quê? Que no próximo reveillon sejamos nós a pagar pelo fogo de artifício?
Quando chega, chega. Há que não cair em exageros. Arredondar para cima?? A ver...
E outra que me está engasgadinha também foi a rapidez com a qual algumas pessoas se prontificaram ao dramatismo quando em Nordeste algumas vidas se perderam devido a uma derrocada. Uma infelicidade, sem dúvida, para quem perdeu os seus entes queridos. No entanto, não me venham com historinhas... houve também muita sede de protagonismo. É quase macabro.
Não me passa ao lado, de forma alguma, a gravidade das situações, nem o meu espírito fica imune à desgraça alheia. Mas vá! Algum bom senso, se faz favor.
Over and out.