Desço pela calçada ensolarada da Almirante Reis e ultrapassa-me um jovem que traz, muito bem vestidos, uns calções de ganga azuis, um pólo cor-de-rosa, umas sapatinhas rasas pretas e uma bolsa, também ela preta, à tiracolo.
Não o sendo de passeio, o seu passo também não é de pressa. Percorre uns poucos metros de calçada à minha frente e aprecio a figura que transporta no seu corpo um tom de pele delicioso - e naturalmente bronzeado.
De súbito, o jovem abranda o passo e dirige-se para um contentor com despejos de uma casa em obras. Aproxima-se e vasculha muito rapidamente por entre peças de papelão e outros escombros. Consigo, ao passar por ele, ver no seu rosto a beleza exótica do médio-oriente e sigo o meu caminho.
Nem sequer um minuto depois o jovem ultrapassa-me de novo. Observo-o.
E, como se acabasse de dar conta que o mundo é um extraordinário sítio para se viver, o jovem continua o seu percurso mas numa marcha de elegantes rodopios com os braços abertos ao sol, pela calçada da avenida.
Parei e fiquei a observar a pequena dádiva até que a figura se perdeu para além da minha vista.
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