m&m|s

O dia ameaçava com chuva pelo que decidi apanhar o metro para regressar a casa em vez da já habitual caminhada.

No aproximar da minha última estação, oiço um pouco mais atrás de mim o ruído de alguém que tenta abrir, embora sem sucesso, um saco de M&M's e o barulhinho começa a ferver-me nas têmporas.

O comboio começa a abrandar mesmo junto à minha estação e eis que o barulho de abertura do pacote das guloseimas se transforma em barulho de várias bolinhas de chocolate (com amendoim no interior e revestidas de uma fina camada de açúcar colorido) a caírem no chão. Olho para trás e vejo-as, quais berlindes, a saltitarem por toda a parte na carruagem.

Inevitavelmente, soltei umas gargalhadas interiores e depressa me passou o ferver das têmporas.

E o comboio chega à estação. Antes que se abram as portas, decido olhar para o reflexo nos vidro para ver quem teria sido a infeliz criatura que ficara sem as suas guloseimas.

Dou de caras com o reflexo de uma velhota mendiga a olhar desoladamente para a sua mão que segurava num meio pacote de M&M's. As portas abrem-se e saio da carruagem com os olhos inundados e o coração num aperto.

Saí e deixei que saíssem todos os outros na esperança que a velhota fosse também sair naquela estação. O meu plano era acompanha-la até ao snack bar mais próximo e comprar-lhe um novo saquinho de guloseimas.

Infelizmente, a senhora permaneceu na carruagem e seguiu o seu caminho vai-se lá saber para onde. Provavelmente para o seu palácio na Lapa despejar a sua frustração nos criados enquanto atirava umas quantas porcelanas ao chão... não sei.