OOP EXPERIENCES

20111006

mirror|ess

O que nos tem servido de espelho a corpo inteiro, cá em casa, é o reflexo feito nas portadas envidraçadas que separam a cozinha da marquise.

O truque é precisar de espelho apenas quando a luz exterior atinge os níveis exactos de brilho para que o reflexo, dentro de casa, seja minimamente forte para se poder distinguir silhuetas.

Nas situações em que o timing da luz exterior não coincide com o timing da necessidade de espelho, resta a esperança de, na rua, encontrarmos estacionadas uma ou duas carrinhas de vidros largos e amplos para podermos, ao passar por elas, abrandar o passo e, como quem não quer a coisa, mirarmos o nosso reflexo para poder proceder então aos ajustes necessários.

Há, também, a possibilidade de podermos ir olhando para as vitrines das lojas onde o efeito de reflexo é, por vezes, bastante satisfatório.


O martírio, porém, já terminou. 
Adquirimos ontem um espelho de corpo inteiro nos nossos amigos d'olhos em bico, por quase catorze euros.

Já está na parede mas, talvez em resultado da sua extraordinária qualidade, ele abaula no meio como se a gravidade tivesse regras diferentes naquele objecto em particular; em vez de o puxar para baixo, puxa-o para a frente.

Embora a nitidez dos nossos reflexos tenha melhorado significativamente, a reprodução da nossa figurinha é quase cómica e faz-nos pensar, por instantes, que estamos numa feira popular, na casa dos espelhos esquizofrénicos.



4 comments:

tomaz said...

ahahahahahah!

pois olha, ainda eu vivia para os lados de Campo de Ourique, e o único espelhinho que tinha era o do elevador que, por ser só de meio corpo, não me poupou a sair de casa de chanatos...

ah pois!

PIRII said...

às vezes compensa sair de casa a fazer o pino...

Meia Noite e Um Quarto said...

ri-me tanto com isto que ainda fui comentar com a minha mãe...a foto vale por tudo!!!

PIRII said...

a desgraça alheia é, de facto, um ânimo