OOP EXPERIENCES

20081211

tanto|tempo

O amanhã é cabrão, é filho da puta. Quando sabe que estamos à sua espera, atrasa-se. Faz-se demorar. Diz que é chique.
Depois nós, macacos, fingimos que deixamos de o esperar... a ver se ele se distrai e apressa o passo. Assobiamos para o ar, como quem não quer a coisa, canto de olho a espreitar as horas, expressão de estúpidos no rosto, armados em parvos, como se não fosse nada connosco. Vamos à cozinha a ver se encontramos um snack, canto de olho a espreitar as horas, paramos em frente à televisão e tonamo-nos em perfeitos actores, representando uma atenção totalmente falsa ao primeiro canal onde passa algo minimamente interessante. As horas de cinco em cinco minutos, pelo canto...
Vamos à casa de banho... mas não dá para fingir que queremos fazer esse tipo de coisa quando, de facto, não queremos... é só para enganar o tempo. E olhamo-nos ao espelho como quem quer averiguar um ponto negro que nunca existiu, uma ruga que não nos preocupa deveras, ou a ver se o cabelo rapado não ficou despenteado entretanto. Canto... horas...
E o velhaco do amanhã, manhoso como as coisas manhosas, sempre na sua. A fazer-se aguardar.
Mas um dia... um dia, meu estafermo, hás-de querer e não ter. Um dia hás de querer chegar e eu estarei morto. E não haverá amanhã para ninguém! Ai um dia...

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