OOP EXPERIENCES

20110921

coat|ng

Estou na posse de um casaco amaldiçoado.

É de veludo preto, canelado, e foi recentemente resgatado do meu guarda-roupa nos Açores.

Chegou a Lisboa com a típica fragrância de humidade tão característica das ilhas e levei-o à lavandaria na semana passada. Hoje trouxe-o para casa, envolvido no seu saquinho plástico e preso por um cabide de excelente qualidade - daqueles que as lavandarias oferecem aos seus estimados clientes.

Numa das estações de metro estava eu dentro da carruagem quando as portas começam a fechar-se. Nisto, uma senhora que estava comodamente sentada num dos bancos da plataforma, de súbito cai em si e apercebe-se que deve entrar.

Vem ela numa corridinha de meter vergonha a tentar entrar e desiste quando vê que as portas se começam a fechar.

Eu, armado em herói, meti as mãs na porta do metro para não as deixar fechar e incentivei à senhora a correr um pouquinho mais depressa.

A senhora decidiu desistir de apanhar aquele metro e eu larguei as portas que se fecharam de imediato antes que eu afastasse o casaco que trazia [da lavandaria] na mão. A viagem até à próxima estação foi feita comigo grudado à porta e o casaco preso na dita. 

Toda a gente viu, toda a gente se apercebeu. O que nem toda a gente sabe é que eu desejei (e ainda desejo) que a senhora perca todos os metros até por volta da uma da manhã.

- § -

Mais tarde, já no percurso pedonal até casa, vinha imaginando onde colocaria o malfadado casaco quando chegasse ao prédio para poder trazer o caixote de lixo para a rua, antes de subir e recolher-me.

Brilhantemente, pensei que a solução passaria por torcer um pouco o gancho do tal cabide de qualidade para que o pudesse pender no corrimão da escada e tratar então da empolgante tarefa de meter o lixo na rua.

Vou subindo a rua enquanto vou torcendo o gancho do cabide quando ele dá de si, quebra e deixa-se ficar na minha mão ao mesmo tempo que abandona a restante peça que cai ao chão levando consigo o casaco.

Nisto, vem passando uma mulher com o filhote pela mão, no sentido contrário, e que tropeça e quase cai para não meter o pé em cima do casaco acabado de cair ao chão.

Mais uma vez, muita gente viu, e muita gente se apercebeu. O que muita gente não sabe é que eu até sou rapaz para nunca vir a vestir aquele casaco.

8 comments:

Sr. Mutante said...

Tu?
Como?
Ajudar alguém?
Prender a porta para a senhora entrar no metro?

Quem ficou sem palavras agora fui eu...

(quem me dera ter lá estado para ver a tua cara quando ela decidiu não entrar...lol)

PIRII said...

bro,

quando a gaja desistiu, olhei para ela e disse-lhe:

- Êh!...

e abanei depois a cabeça em jeito de:

- Ai melher... era pregar-te uma cabeçada até veres Saturno!

Ela said...

lol
ai estou regalada com as coisinhas...

Flutuações da mente said...

Ri muito :-))))

Maria said...

ahahahahahahahahahahahahahahahah

this is so you :)

coisa linda mai linda

tomaz said...

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAH


isso são sinais, amigo, sinais...

Paulo Afonso said...

Esse casaco tem pitchafe!

POPITA said...

ahhaha o que me ri...cuidado, também não o vestia;)