@6:24 am
- triiiiiiiiiiiiiiiim!
E desperto eu, do sono, julgando ter ouvido a campaínha do prédio a tocar. Na dúvida de ser real ou não, voltava a adormecer não fora Lovinho sair da cama e ir à porta de casa. E oiço:
- Eu estava a dormir. Não há ninguém acordado aqui em casa.
- Vocês estiveream de mudanças esta semana, não foi?
- ... (por decifrar)
- ... (por decifrar)
- Não estará no quarto uma máquina? É que sinto o meu quarto todo a tremer.
A vizinha do andar de baixo, temos quase a certeza, tem um qualquer distúrbio mental. Desde que se mudaram, ela e o namorado/marido/pessoa-com-quem-vive-apesar-de-lhe-meter-os-cornos-semana-sim-semana-não, andam em discussões e brigas e gritos. E é ouvir a gaja aos prantos a chorar altas horas da madrugada. É ouvi-la bater com a porta de casa sempre que chegam às tantas da noite...
Nós, pessoas educadas, de bem, e com pouca apetência para se meter na vida alheia, nunca dissemos nada. E nas poucas vezes em que nos cruzamos nas escadas, é o bom dia/boa tarde e cada um à sua vida.
Mas a gajinha achou por bem vir esta madrugada bater à nossa porta às seis e tal da manhã porque não conseguia dormir uma vez que o quarto dela estava a tremer, e queria saber o que andávamos a fazer no quarto para que o dela estremecesse.
Perdemos o sono. Eu recordava-me de, aquando da interrupção, estar a sonhar com coisas boas. Mas depois do Lovinho ter regressado ao quarto e me ter explicado o que se tinha passado, demorei até voltar a dormir.
Na minha tentativa de apressar o regresso do sono gostoso, concentrei-me em recordar-me do que estava a sonhar quando ouvi o triiiiiim. Longos minutos passaram... outros longos minutos seguiram-se... e outros ainda até que, num momento de eureka eu recordei-me do que estava a sonhar e fiquei eufórico.
- Urrrrraaaaahhhhhhhhh! É isso! Boa!!! You are the very best!
E, tipicamente meu, no êxtase de me congratular pela vitória de ter recordado o tema dos meus sonhos, distraí-me e voltei a esquecer-me do que estava a sonhar.
- ****-se! (pensei eu)
E fiquei às voltas de novo na cama, a ver se me recordava de algo aconchegante que me trouxesse de volta o sono.
- ****-se! (pensei eu)
E fiquei às voltas de novo na cama, a ver se me recordava de algo aconchegante que me trouxesse de volta o sono.
Quando tudo o resto falhou, recorri ao meu lugar seguro e lá voltei a adormecer para acordar dali a pouco, com o primeiro dos meus quatro alarmes diários.
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Ao chegar a casa, Lovinho relatou que, durante o dia, encheu os peitos de coragem e foi bater à porta da gaja para lhe brindar com umas quantas verdades e deixou muito claro, se bem que com muita classe, que acaso "a menina" voltasse a bater à nossa porta àquelas horas da madrugada, levaria com uns quantos insultos pela cara em simultâneo com a porta a fechar-se à bruta nas suas fronhas.
Up yours, bitch! Take it like a man and stop whining, coire!