OOP EXPERIENCES

20090131

|32|

PARABÉNS AO PALHACITO

20090122

|frosquini|

Soa-me bem. Soa a cerejas já cheiradas, já comidas, já passeadas por cada aresta, por cada recanto, por cada centímetro. Soa-me a liberdades libertinas e a imorais actividades. Soa-me a ti, a ti, a ti... e a ti também.

Sabe-me a tamarilhos delinquentes, sumarentos, amargos e doces: adstringentes. Sabe a pele da boca repuxada em prazer desassossegado. Sabe-me a nós, e a frutos secos também.

Cheira-me a madeiras queimadas em dia de verão, quente, abafado, iluminado até cegar, cheira-me a conteiras esmagadas, sugadas, vistas e trazidas para casa com odores que passam do prazo apenas mais tarde, não vale a pena pensar agora, nesse momento.

Sente-se como penas não validas, como recortes não encontrados, tão pouco colados de volta. Como textos vazios de palavras e cheios de pontuação.

Parece-se com sombra arrematadamente escondida no porão, por debaixo do alçapão, como quem vem das águas furtadas à sede, apalpando as ignóbeis frestas de ar fresco. Parece-se com caixotes arrumados ali, onde já vos contei.

20090121

payment up|front


Marble House |by| The Knife

I cut your nails and comb your hair 
I carry you down the stairs 
I wanted to see right through from the other side 
I wanted to walk a trail with no end in sight 

The moment we believe that we have never met 
Another kind of love it's easy to forget 
When we are all alone then we do both agree 
We have a thing in common this was meant to be 

You close my eyes and soothe my ears 
You heal my wounds and dry my tears 
On the inside of this marble house I grow 
And the seeds I sow will grow up prisoners too 

The moment we believe that we have never met 
Another kind of love it's easy to forget 
When we are all alone then we do both agree 
We have a thing in common this was meant to be 

Now where's your shoulder 
What is it's name 
What's your scent 
Say it again 
If it goes faster can you still follow me 
It must be safe when it's on TV 

I raise my hands to heaven of curiosity 
I don't know what to ask for 
What has it got for me? 
The others say we're hiding 
It's as forward as can be 
Some things I do for money 
Some things I do for free

20090118

|grab

Não gosto de ter horas para acordar. Odeio acordar cedo. Abomino manhãs. Felizmente, alguém precisou trocar duas das suas tardes por duas das minhas manhãs. Caso contrário, eu acho que eventualmente iria dar por mim a gritar a meio da manhã, num desses nove dias seguidinhos sem folgas a trabalhar de manhã, logo após as minhas férias... que saudades delas. 

Tenho andado mais roto que uma rede de pesca, e o pior é que nem trago peixe para casa. No entanto, hoje estou de medidas tiradas. Não sou do tipo de pessoa que sempre que topa que alguém lhe está a olhar presume e apregoa que lhe estão a querer comer. Tenho muito bem noção do que valho e sei muito bem disitinguir um olhar acidentalmente prolongado de um  devorador de umbigos por demais centralizados.

Hoje, porém, sei sim que me tiraram as medidas. Todas. Ao ponto do quase embaraço. Soube bem. Soube deliciosamente bem. Cheguei a casa com os centímetros todos lá, polished and shining!

Crab Nebula (o meu ego algures aqui no meio)

20090113

c|aro

- eu sei
- eu sei disso
- mas sei la
- nao sei

Quando me explicas assim as coisas, tudo se transforma em luz.

20090112

16|h|46|m|

Could it be? Oh please, let it could, let it could!

22|22

Há coisas que são, de facto, fantásticas. Há outras, no entanto, que nem por isso. E há ainda outras que são assim assim.

Esse post fala-nos das coisas que são fantásticas para além da conta (obviamente, toda a classificação aqui reportada fica sujeita ao relativismo inerente à diferença de opiniões).

Por várias vezes, ao olhar para o relógio no carro acontece-me deparar-me com o a hora marcada na imagem acima. Não uma vez, não duas, não três, não quatro, não cinco, não seis, não sete, não oito, não nove, não dez vezes. Mesmo bué de vezes que isso acontece. Já aconteceu também umas pouquinhas vezes olhar para o relógio e ele estar a mudar de 22:21 para 22:22... apanhar o momento em que o 1 se transforma em 2.

Provavelmente isso não quererá dizer nada mais para além do facto de eu ter uma tendência estranha para querer saber as horas quando são 22 delas e mais outros tantos de minutos. Seja como for, o que é facto é que ontém, às 22h22m eu estava a guinar o carro subitamente para o estacionar, os pneus a chiar no asfalto, os carros atrás de mim a apitar que nem loucos, alguns condutores com o telefone na mão (talvez para chamar a polícia)... tudo isso para eu poder sacar do telemóvel e tirar uma foto antes que fosse tarde demais.

time|machine

Nesse preciso momento são:
18:03

20090111

abismo|

Aconteceu na noite de sexta para sábado. Por vezes há sonhos que nos deixam de pele arrepiada, com os cabelos de pé, com uma sensação nauseabunda provocada pelo terror; sonhos que são capazes de provocar uma reação física no nosso organismo.

Estava a descer a Rua da Boavista, para ir de onde para onde já não me lembro, mas sei que entretanto haviam muitos carros estacionados de cada um dos lados da rua, na sua secção mais estreita.

Tive que fazer umas quantas manobras para não bater em nenhum dos carros e eventualmente viro para a esquerda, para entrar dentro de um pequeno. Quando estaciono o carro e olho em redor, reparo que aquilo afinal não é um parque de estacionamento mas sim um terraço privado de uma casa. 

Retiro então o carro dali e vou para o outro lado da rua onde há um parque de estacionamento em aberto mas saio com tanta velocidade, ansioso por sair do território privado que eu pensara ser um parque de estacionamento, que acabo por perder o controlo do carro e, quando vou mesmo a parar no novo lugar, a velocidade exigia uma travagem brusca e os travões, nesse momento, falham. 

Vejo a berma que demarca o espaço de estacionamento a desaparecer por debaixo do carro, ele sempre em movimento, e cai para um nivel inferior. Começo a pensar no dialecto dos palavrões, mas o medo propriamente dito acontece a seguir... depois desse nível inferior há mais um outro, uma ribanceira. E o carro nada de parar. A queda para esse nível inferior só lhe deu ainda mais impulso...

O que acontece então foi, deveras, o mais próximo do terror que alguma vez senti... o carro começou a cair pela ribanceira abaixo, e eu via a queda acontecer... A parte da frente do carro totalmente a apontar para baixo e eu sem saber o que fazer para evitar o inevitável. 

Só me recordo de começar a gritar um NÂO prolongado e quando a ribanceira sem fundo tornou-se apenas numa visão de negro, acordei. 

I'VE GOT TO GET OUT OF THIS PLACE.

20090110

20090109

under|my|wear

Os boxers dos quais vos falei no post _pontos e vírgulas_. Se acharam que eu estava a mentir quando disse que haveria de fotografar e colocar aqui no blog, então meus caros, não me conhecem. Eu não sou de falar por falar (salvo excepções previstas no Código de Conduta de Piriboy, Artigo III, Ponto 7, Alinea n). 

|às quatro da madrugada|

O naião do canário que temos cá em casa achou que hoje era primavera. Bastou uma claridade suave do sol através do vidro das janelas e ele começou, logo de manhãzinha, nos seus exercícios vocais, afinando a voz de vez em quando, ensaiando as melodias e, mais importante, irritando o nervo mais miudinho que existe dentro do meu corpo.

Lá fora o dia está bonito, tendo em conta a altura do ano e também tendo em conta todo o frio que se faz faz sentir no continente europeu, mas porra... ó canário, não me viste a mim sair da cama pela madrugada e vir para a janela cantar ao desafio pois não?

20090107

up|dates


(1)
Plan. Plan. Plan.
Se necessário, desenhar os planos de acção em folhas de cartolina e afixá-las estrategicamente por todas as divisões da casa de modo a que não nos esqueçamos de onde estamos, para onde queremos ir e que caminhos tortuosos e sinistros e desconhecidos teremos que percorrer para conseguir lá chegar.

(2)
Guess what?
Sou eu sem ouvir e o meu cupido sem ver: mais vesgo que não sei o quê, ainda não acertou no alvo. Às vezes nem chega perto. Outras vezes nem chega a atirar as flechas... Grita-me de longe que não valeria a pena e depois baza, o fedelho, como se não tivesse deixado nada por fazer.

ne me quitte pas|

Il faut oublier.

A ver se é dessa. 

20090105

pontos e vírgu|as

Vim a casa da M. Jantamos, bebemos o rouge do costume (o costume é beber rouge, independentemente do preço e/ou marca... eu adoro e/ous). Um serão modesto mas muito agradável... aliás, como de costume. Como já repararam, somos muitos de costumes.

A M, como de costume, ataca-me em todas as frentes que consegue. Vil sem remédio, há que não lhe dar ouvidos e às vezes nem sequer lhe reconhecer a presença.
O R, como de costume, a rir à minha pala e dos meus acessos de veneno sejam eles actuais ou memórias passadas. Eu tenho um historial de acessos de louvar, modéstia à parte.
A C, como de costume, bela e linda e maravilhosamente elegante e quase cosmopolita, com a sua atitude de "tou nem aí", presenteou-me em nome do Natal passado, com um par de boxers da Intimissimi. Lindos. Um dia visto-os, tiro foto e coloco aqui no blógo para agradecer devidamente.
O ML, como de costume, ora porta-se bem e passa despercebido, ora porta-se quem nem um fedelho e toda a gente lhe olha de avesso. No fundo, sem ele, não haveria família.

Quando visto o casaco para vir embora, M olha para mim e pergunta:
_Já te vais?
_Sim.
_Ok, entao. - O olhar assustadoramente ameaçador e inibidor da minha real acção de ir para a porta, abri-la e sair. C já vai também, mas como vai trabalhar amanhã fica desculpada. Eu, que estou de férias, nem que me fodesse se haveria de ter algum tipo de regalia nesse assunto.
_Tá bem... fico então. Poofs? Sound? Make love?
_Mmmm ... babe.

E fica decidido.

Dois pontinhos a merecer algum relevo, senão destaque.
1º > Já não é a primeira, nem segunda, nem terceira vez (se fosse a contar todas elas, era para a noite toda) que me atiram a essa minha carinha laroca que a minha inveja fez com que se partisse - misteriosamente - o copo vermelho de M. Dizer, em minha defesa, que eu não sou pessoa de invejas não iria convencer ninguém. Mas posso sempre alegar que eu não estava lá, que já estava assim quando eu cheguei. Mesmo porque, tendo em conta o historial clínico de M como bipolar, as suas alegações são, no mínimo, duvidosas. De uma vez por todas: NÃO! EU NÃO PARTI O TEU COPO VERMELHO QUE, DEIXA QUE TE DIGA, ERA, DE RESTO, HEDIONDO.

2º > Após barriga cheia, com a sopinha azeda que comemos, à la velhos (isso de se estar nos trinta até tem, por vezes, a sua graça), acabou por se ter como assunto de conversa à laia de sobremesa, todas as coisas nojentas que os humanos comem. Eventualmente, chega-se à dobrada. Será a parte interior do intestino grosso? Ou a parte interior do estômago? O que, de facto, se vem a descobrir (engraçado como as coisas são) é que, a mãe de M lava a dobrada na máquina de lavar antes de a preparar para comer. Diz M, como se poisasse na mesa a mais naive explicação do porquê da máquina de lavar, olhos serenos, voz quase a insinuar uma informação óbvia, que:
_Aquilo é muito sujo. Tem que ser lavado muito bem.

...

A meu ver, qualquer coisa que seja sujo o suficiente para ter que ser lavado na máquina de lavar antes de ser comido, é - talvez - algo que não devesse servir de refeição a ninguém.


O que eu sei é que os nossos serões twilight sabem pela vida e não vão sequer à máquina de lavar.

20090104

aconchegue|se


Faz-me confusão o facto de as mulheres falarem tão abertamente sobre as suas mamas, do seu tamanho, das suas formas e tal, enquanto que os homens se retraem tanto a falar do "seu equivalente" nos mesmos termos e usando os mesmos critérios de avaliação... Já para não falar do facto de as mulheres parecerem estar isentas do olhar reprovador dos outros ao falar desse assunto enquanto que, por certo, os homens falando dos seus ... digamos ... tintins, no mesmo modo, talvez fossem imediatamente olhados como freaks, obscenos, porcos e afins. É engraçado como as mulheres tantas vezes se queixam de descriminação quando, na realidade, os homens também são alvo dela. A vida não é fácil para nenhum dos sexos, e por isso mesmo decidi escrever esse post sobre Mamas Versus Tintins.

Uma vez a comentar esse assunto com alguém, disseram-me que era natural haver um à vontade maior para aceitar as conversas sobre mamas do que as conversas sobre tintins porque as mamas acabam sempre por estar "mais visíveis"... não no sentido topless, mas por ser um volume visível. Sim, é verdade. Concordo e não refuto essa observação. No entanto, também é verdade que se pode observar o volume  do material masculino. Há homens que parece que os deixaram em casa, há outros que parece trazerem os seus e os de mais alguém. Ou seja, na verdade, esse tipo de volume seja ele nas mulheres ou nos homens, não passa despercebido.

Mas é sempre tão mais decente falar-se em público (no café, na rua, na televisão) sobre as mamas e como encontrar os soutiens adequados para cada par do que falar na mesma medida para os tomates de um gajo. Será que é pelo facto de uns estarem tão mais directamente associados ao sexo do que os outros? Mesmo assim... não faz sentido. As mamas de uma gaja conseguem ser um alvo de admiração muito constrangedora pois em muitas circunstâncias inspiram nos homens a mais autêntica luxúria. Se assim não fosse, não seriam investidos tantos milhares de contos na produção de soutiens sexy, arrojados, e maravilhosos. Surgiu assim o wonderbra. Claro... ele servirá para a mulher se sentir mais confortável consigo mesma. Mas será que é só mesmo para isso? Não haverá, por detrás de tudo isso também a necessidade de fazerem salientar uma parte do seu corpo que as poderá fazer merecer o desejo sexual de um potencial parceiro? Obviamente que sim. 

E já que nos homens as mamas foram abolidas, o único volume que nos resta para entrar no jogo é o de lá de baixo. Mas falar nisso, cruz credo... Seria nojento! Pois é, minhas caras... A vossa sensualidade tem, na sua raíz mais profunda, um propósito maior do que a hipocrisia: o propósito de se fazerem conquistar pelo cruz credo. É embrulhar e levar para casa minhas senhoras.

E foi assim que se criaram também as wonderjocks (o equivalente masculino do wonderbra). Essas peças de roupa interior contêm uma bolsa (à la canguru) onde os tintins são colocados acentuando a sua forma e mantendo o seu volume. Falta serem produzidos programas televisivos onde se fale abertamente sobre como aconchegar os tintins de forma mais adequada ao seu tamanho e forma para que, no final, o volume visto pelos outros seja de bom agrado à vista dos mesmos. 

Porque vejamos... estamos todos cá para o mesmo. A necessidade de seduzir e ser levada para a cama não é exclusiva da mulher. Os homens, de vez em quando, também entram numa de cabrões. Eu cá, sou pela igualdade de direitos entre os sexos. Não contem com a minha hipocrisia.

20090103

wonder|box


Finalmente hoje veio ca meu irma poara me ajufdar a ligar os cfabos nevessrios para poder ligar  televisao hno meu quaro e porerm, depois de um ano emeiop, para ais e nao pata menosm, voltar  a adormcer com as sombrtas e sons de um bom documentario, 

...

Desculpem. Estava distraído a olhar para a televisão e acabei por não escrever nada de jeito. Sim... eu já tenho televisão a funcionar no meu quarto. Hoje, ao fim de tanto tempo a tentar convencer o meu irmão que a sua vinda cá, com um cabo gratuito dos que ele tem no seu armazém para me voltar a colocar em contacto com o mundo perdido dentro da caixinha mágica seria talvez dos projectos mais gratificantes da sua carreira.

E cá estou eu, a deixar mais um registo no meu blog, os olhos fortuitamente olhando para a tv (está a passar um daqueles programas em que um paspalho de todos os tamanhos arma-se em cagalhão de esquina de tamanho ainda maior ao pretender ensinar alguém a vestir-se bem ... a gaja nesse momento está a deixar que lhe cortem o cabelo após ter feito uma birra que tão bem teria ficado a um puto de 4 anos ... quanto será que pagam ao pessoal para vir à televisão fazer figurinhas dessas? ... google dot com search for how much pay for figurinhas ...

under|the|weather






Vai, toma. E não digas que vens de cá...


20090102

|ocked in new |ocation

Aos que já o seguiam, informo que mudou de localização e agora encontra-se em:


Aos que ignoravam a sua existência, podem a partir de agora seguir, se o entenderem fazer.

A partir desse momento ficam os blogs Rocks in Riots e Lock Me In associados ao perfil blogspoteano de Piriboy.

Enjoy!

1|down

A guerra já foi declarada. 
Fantasmas do passado: YOU SHALL BURN IN HELL. 

Com carinha lavada, perfumada de cores novas e vestido com novos trapinhos, esse meu espaço de reflexões e registos informa que já temos uma baixa a contar nos fantasmas a serem eliminados. Ao segundo dia desse ano acabo por lucrar €1.00 com o apagar dessa sombra.

Apesar de todas as emoções envolvidas no processo, de todas as memórias que agora pertencem, oficialmente, ao que já foi, há uma certa sensação de primeiro passo dado direcção > em frente. Sabe bem. Sabe a algo promissor. Sabe a leveza... a fantasma eliminado.

Era um dos assuntos pendentes que acabou por ser pendente durante mais tempo do que foi, de facto, em seguimento.

Custa fazer isso mas tem que ser: Adeus ao Indre, aos coypus, aos castores, aos cisnes, aos javalis, aos veados, à Maison du Pêcheur, à Vieille Grange, à Maison de Jeanne d'Arc. Adeus ao esquilo europeu que subia e descia a sua árvore em corridas frenéticas, ao pica-pau que me dava cabo da cabeça ao picar com o seu bico a casca das árvores em redor. Adeus à adega/gruta que não chegou a ser o P-Bar. Adeus ao cuco gago, aos pavões da Madame Jarrige e ao fogo que se acendia junto ao rio para nele cozinhar o jantar. Foi bom. Já foi.

Durante este ano não me vou lamuriar sobre o que irei perdendo. Não quero entrar em 2010 com excesso de bagagem.

ba|ancete

Dentro de mim giram muitos mundos e todos eles falam comigo, todos eles me ocupam a mente. 

A mentira que mais vezes disse e continuarei a dizer pela vida fora é a reposta que dou a qualquer pessoa em qualquer instante que me pergunte em que eu estava a pensar. A resposta é sempre a mesma mentira: Nada. Aproveito para dizer que esta é, de resto, uma pergunta que eu odeio que me façam. 

Sim, nunca ninguém pensa em nada. Verdade. O nada para esses efeitos assume o papel de ausência de reflexão. Mas a mim nunca me encontrarão com o pensamento vazio, ou sequer meio cheio. Estou constantemente a pensar em alguma coisa, estou constantemente a reflectir sobre a minha situação, as minhas opções, os meus sonhos, o que comi ontem, o que foi e o que há-de ser. E minto dizendo que não penso em nada. Os meus mundos são apenas meus e só os dou a conhecer após pensar o meu nada sobre eles. 

Ao iniciar um novo ano, quase todos nós aproveitamos para, às vezes mesmo sem nos darmos conta disso, fazer um balanço. Afinal de contas, nada melhor do que a promessa de um recomeço para nos assumirmos autênticos a nós próprios e medir a dimensão dos erros à sombra das benesses dos feitos. 

Levei uma coça tremenda desse ano que passou. Houve alturas em que eu passava os dias atordoado, sem saber ainda o que me tinha atingido. Na cabeça o eco do estrondo, a sensação de dor física e as estrelinhas a confundir os olhos. 

Comecei por perder a oportunidade de, por conta própria, desenvolver a minha actividade profissional à altura dos meus anseios. Essa ferida ainda sangra. E continuará a sangrar por mais cinco anos, findos quais ela permanecerá como cicatriz/lembrete do que podia ter sido. 

Como consequência, o lado financeiro acabou por ficar abalado. Não sou um homem vão, frívolo ou materialista, mas sou o tipo de homem que reconhece a importância de se ter dinheiro e a forte ligação que existe entre a sua posse e o potencial de felicidade. Por tudo aquilo que conseguimos com ele adquirir, o dinheiro é fundamental para o bem-estar dos humanos de hoje em dia. Façam favor de nem dizer a comum e muito pouco inteligente frase: “Antes feliz e pobre do que rico e infeliz.” Garanto-vos que se torna bastante difícil ser-se feliz enquanto se contam os últimos trocos na carteira. Sendo assim, essa de feliz e pobre acaba por ser uma utopia bastante ingénua e algo denunciadora de uma abrangência mental limitada. Mas o dinheiro não traz saúde… dizem uns. A falta dele, traz?... pergunto eu, retoricamente. 

Nos relacionamentos foi tudo tão medíocre que se torna quase cómico falar no plural. E o singular que aconteceu, ao olhar de hoje, posso dizer que teria sido bem melhor se não tivesse acontecido. De novo a sensação de que eu não nasci para ser feliz nesse campo. 

Eventualmente lá consegui, num rasgo de sorte brilhante, um novo emprego. Não é um emprego que me estimule em nada. Aliás… minto. O emprego que agora tenho estimula-me sim, mas apenas num único sentido que é o facto de ele pagar o que urge ser pago. Mas apenas isso. Sinto que ao demorar por aqui talvez estupidifique e eu não posso deixar isso acontecer. 

O estado de saúde do meu melhor amigo foi piorando com o passar dos meses e, em Setembro, ele acaba por falecer. Fiquei sem ele. Foi um golpe. Foi um desgosto. Ainda é. Desde o seu funeral que o que eu quero é que tudo sa foda. 

Foi assim que vi passar 2008. 

Não estou com grandes esperanças para 2009. Não espero que seja melhor, não me contentarei se ao menos for igual nem me dou sequer ao trabalho de desejar que não seja pior. Quero manter-me indiferente. O que for, forá!

 

Lições aprendidas:

1. Nem sempre existem saídas.

2. Os bons amigos conseguem ser verdadeiros terapeutas.

3. A loucura auto-induzida pode, em certos casos, ser muito saudável.

 

Tomadas de decisão:

1. Tomar mais decisões. E meter mãos à obra.

2. Deixar de ser parvo. Eu não quero, na realidade, ser amado e querido por toda a gente.

3. Não deixar a distância geográfica separar-me das pessoas que estão longe.

4. Tentar. Tudo. Se der, óptimo. Se não der… que sa foda.

20090101

reso|uções

Resoluções de Ano Novo v.2009

_Deixar de desejar mal a algumas pessoas. A partir de agora, vão ter que sa foder sozinhas. Não quero nem saber. 

_Regularizar os contactos com as pessoas que estão mais longe. Fazer-me mais presente. Afinal de contas, elas valem a pena. 

_Não entrar em esquemas de simpatia gratuita só com o intuito de não magoar a outra pessoa em situações em que o meu bem-estar físico ou emocional esteja em causa. Tolerância Zero para os fretes. 

_Não deixar assuntos pendentes transitarem para o mês seguinte. Eles depois enriçam-se uns com os outros e não há pachorra para os aturar. 

_Orientar todo o ano de 2009 no sentido de um 2010 de arromba. Há que fazer estrondo! 

_Decidir que um dia eu irei “visitar” Madrid. Isso não vai ficar assim! 

_Alimentar os meus ódios de estimação apenas nos momentos em que estou de bem com a vida… Pelo fun of it. De resto, vou continuar a querer que tudo sa foda, mas manter-me livre do cancro do negativismo. 

_Deixar de mirar os rabos transeuntes enquanto conduzo. Ainda hoje me ia espalhando à conta disso e já não é a primeira vez. 

_Eliminar, gradualmente, os fantasmas de 2008.