20090131
20090122
|frosquini|
Sabe-me a tamarilhos delinquentes, sumarentos, amargos e doces: adstringentes. Sabe a pele da boca repuxada em prazer desassossegado. Sabe-me a nós, e a frutos secos também.
Cheira-me a madeiras queimadas em dia de verão, quente, abafado, iluminado até cegar, cheira-me a conteiras esmagadas, sugadas, vistas e trazidas para casa com odores que passam do prazo apenas mais tarde, não vale a pena pensar agora, nesse momento.
Sente-se como penas não validas, como recortes não encontrados, tão pouco colados de volta. Como textos vazios de palavras e cheios de pontuação.
Parece-se com sombra arrematadamente escondida no porão, por debaixo do alçapão, como quem vem das águas furtadas à sede, apalpando as ignóbeis frestas de ar fresco. Parece-se com caixotes arrumados ali, onde já vos contei.
20090121
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|grab
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c|aro
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abismo|
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|às quatro da madrugada|
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pontos e vírgu|as
_Sim.
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aconchegue|se
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wonder|box
20090102
|ocked in new |ocation
1|down
ba|ancete
Dentro de mim giram muitos mundos e todos eles falam comigo, todos eles me ocupam a mente.
A mentira que mais vezes disse e continuarei a dizer pela vida fora é a reposta que dou a qualquer pessoa em qualquer instante que me pergunte em que eu estava a pensar. A resposta é sempre a mesma mentira: Nada. Aproveito para dizer que esta é, de resto, uma pergunta que eu odeio que me façam.
Sim, nunca ninguém pensa em nada. Verdade. O nada para esses efeitos assume o papel de ausência de reflexão. Mas a mim nunca me encontrarão com o pensamento vazio, ou sequer meio cheio. Estou constantemente a pensar em alguma coisa, estou constantemente a reflectir sobre a minha situação, as minhas opções, os meus sonhos, o que comi ontem, o que foi e o que há-de ser. E minto dizendo que não penso em nada. Os meus mundos são apenas meus e só os dou a conhecer após pensar o meu nada sobre eles.
Ao iniciar um novo ano, quase todos nós aproveitamos para, às vezes mesmo sem nos darmos conta disso, fazer um balanço. Afinal de contas, nada melhor do que a promessa de um recomeço para nos assumirmos autênticos a nós próprios e medir a dimensão dos erros à sombra das benesses dos feitos.
Levei uma coça tremenda desse ano que passou. Houve alturas em que eu passava os dias atordoado, sem saber ainda o que me tinha atingido. Na cabeça o eco do estrondo, a sensação de dor física e as estrelinhas a confundir os olhos.
Comecei por perder a oportunidade de, por conta própria, desenvolver a minha actividade profissional à altura dos meus anseios. Essa ferida ainda sangra. E continuará a sangrar por mais cinco anos, findos quais ela permanecerá como cicatriz/lembrete do que podia ter sido.
Como consequência, o lado financeiro acabou por ficar abalado. Não sou um homem vão, frívolo ou materialista, mas sou o tipo de homem que reconhece a importância de se ter dinheiro e a forte ligação que existe entre a sua posse e o potencial de felicidade. Por tudo aquilo que conseguimos com ele adquirir, o dinheiro é fundamental para o bem-estar dos humanos de hoje em dia. Façam favor de nem dizer a comum e muito pouco inteligente frase: “Antes feliz e pobre do que rico e infeliz.” Garanto-vos que se torna bastante difícil ser-se feliz enquanto se contam os últimos trocos na carteira. Sendo assim, essa de feliz e pobre acaba por ser uma utopia bastante ingénua e algo denunciadora de uma abrangência mental limitada. Mas o dinheiro não traz saúde… dizem uns. A falta dele, traz?... pergunto eu, retoricamente.
Nos relacionamentos foi tudo tão medíocre que se torna quase cómico falar no plural. E o singular que aconteceu, ao olhar de hoje, posso dizer que teria sido bem melhor se não tivesse acontecido. De novo a sensação de que eu não nasci para ser feliz nesse campo.
Eventualmente lá consegui, num rasgo de sorte brilhante, um novo emprego. Não é um emprego que me estimule em nada. Aliás… minto. O emprego que agora tenho estimula-me sim, mas apenas num único sentido que é o facto de ele pagar o que urge ser pago. Mas apenas isso. Sinto que ao demorar por aqui talvez estupidifique e eu não posso deixar isso acontecer.
O estado de saúde do meu melhor amigo foi piorando com o passar dos meses e, em Setembro, ele acaba por falecer. Fiquei sem ele. Foi um golpe. Foi um desgosto. Ainda é. Desde o seu funeral que o que eu quero é que tudo sa foda.
Foi assim que vi passar 2008.
Não estou com grandes esperanças para 2009. Não espero que seja melhor, não me contentarei se ao menos for igual nem me dou sequer ao trabalho de desejar que não seja pior. Quero manter-me indiferente. O que for, forá!
Lições aprendidas:
1. Nem sempre existem saídas.
2. Os bons amigos conseguem ser verdadeiros terapeutas.
Tomadas de decisão:
1. Tomar mais decisões. E meter mãos à obra.
2. Deixar de ser parvo. Eu não quero, na realidade, ser amado e querido por toda a gente.
3. Não deixar a distância geográfica separar-me das pessoas que estão longe.
4. Tentar. Tudo. Se der, óptimo. Se não der… que sa foda.
20090101
reso|uções
Resoluções de Ano Novo v.2009
_Não entrar em esquemas de simpatia gratuita só com o intuito de não magoar a outra pessoa em situações em que o meu bem-estar físico ou emocional esteja em causa. Tolerância Zero para os fretes.
_Não deixar assuntos pendentes transitarem para o mês seguinte. Eles depois enriçam-se uns com os outros e não há pachorra para os aturar.
_Orientar todo o ano de 2009 no sentido de um 2010 de arromba. Há que fazer estrondo!
_Decidir que um dia eu irei “visitar” Madrid. Isso não vai ficar assim!
_Alimentar os meus ódios de estimação apenas nos momentos em que estou de bem com a vida… Pelo fun of it. De resto, vou continuar a querer que tudo sa foda, mas manter-me livre do cancro do negativismo.
_Deixar de mirar os rabos transeuntes enquanto conduzo. Ainda hoje me ia espalhando à conta disso e já não é a primeira vez.
_Eliminar, gradualmente, os fantasmas de 2008.