Perguntaram-me hoje de qual dos cinco sentidos eu abdicaria, caso fosse obrigado a perder um deles à minha escolha. Foi o meu estimado amigo Señor Limón que, estando sem conseguir dormir e sem mais nada que fazer, achou de interrogar algumas pessoas nesse sentido. Achei a pergunta interessante e não tardei muito em me aperceber que a resposta o seria ainda mais.
Rapidamente soube qual dos sentidos me faria menos falta. Obviamente que desejaria manter todos os cinco mas numa situação hipotética como a exposta, teria que abdicar do que me fizesse menos falta. E achei que seria engraçado deixar um registo aqui com o desenvolvimento da minha resposta.
VISÃO: Não. Esse sentido não o quereria nunca perder. Não poder ver mais as pessoas de quem gosto, deliciar-me na visão dos seus sorrisos, dos seus olhares ternos. Não poder ver mais os tons de verde dessa ilha/claustro, nunca mais ver os prados ladeados por hortênsias, as escarpas íngremes que desmaiam agressivamente no mar, as lagoas, as conteiras, os montes e os vales. Nunca mais ver o firmamento escuro, salpicado de estrelas, ou os tons de azul que o luar empresta à noite. Tantas coisas que quero continuar a ver. Mantenho, definitivamente, a visão.
AUDIÇÃO: O quê? Nunca mais ouvir música, nunca mais alimentar a minha alma e senti-la padecer aos poucos? Nunca mais ouvir um amo-te, nunca mais ouvir os passos de quem chega para me abraçar, nunca mais ouvir chamar o meu nome? De maneira nenhuma. Quero esse. Mantenho-o.
TACTO: Deixar de sentir a água morna da Caldeira Velha a sussurrar no meu corpo histórias que recordarei para sempre? Deixar de sentir a mão que carrega a minha pelos atalhos que se toma? Não poder viajar os dedos pelo corpo da pessoa amada e senti-lhe a pele, sentir-lhe o toque, sentir-lhe a presença? Não mais sentir o meu próprio afago quando me sinto menos protegido? Deixar de sentir no rosto a brisa que refresca a alma e me desperta para cada um dos minutos que se avizinham? Não. Ninguém me tire o tacto!
OLFACTO: Ser incapaz de cheirar as conteiras de verão, a maresia em redor da ilha, o perfume que traziam na noite anterior e que fica na almofada como pequeno prolongamento extra de uma entrega que nos rejuvenesce? Ser incapaz de sentir abrir o apetite pelo cheiro do nosso prato favorito? De caminhar pela rua de verão e sentir o cheiro a corpos bronzeados de côco. E nunca mais, na vida inteira, nunca mais sentir no dia quente de verão o cheiro de uma fogueira que arde ao ar livre e se esfumaça contra a luz forte do sol? Nem pensar. O meu olfacto não vai para lado nenhum.
PALADAR: Deixar de saborear o prato favorito. Deixar de poder saciar o desconsolo ocasional de algumas comidas e bebidas. Sim... seria difícil e por vezes quase angustiante. Mas de todos os sentidos, esse seria o que menos falta me faria. Em 85 por cento das vezes a comida serve-me apenas para saciar a fome. Não sou dos que tiram prazer extraordinário da comida. os desconsolos sim... seriam penosos. Mas mesmo sem sentir o gosto dos alimentos, poderia sempre ir jantar contigo, ver-te o rosto e afundar-me no teu olhar, sentir o teu abraço, ouvir-te a voz e cheirar-te. E, se pensarmos bem, de todos os sentidos, os dois que mais próximos são um do outro, são o olfacto e o paladar. Por vezes confundem-se os dois. Assim, poderia (pelo menos até certo ponto) compensar a ausência de paladar com um olfacto cada vez mais apurado.
3 comments:
O Bruno vai saber disso!!! Não lhe tocas mais nos petiscos!! (Esta frase não saiu muito bem, pois não?lol)
Copiador barato...
E direitos de autor, não?
Copiar???
Então não disse logo no início que isso tinha sido ideia do Señor Limón???
dasse... tu quando pendes para implicar... amarguinho :P
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