Fui à oftalmologista. Para quem já esqueceu, ou nunca chegou a saber, eu fui vítima de uma conjuntivite quase mortal aqui há uns tempos e a porrinha do meu ôio voltou a dar de si, quando eu julgava já tudo pertencer ao passado e que estava tudo como as quecas (passadas não movem moínhos). Comecei a sentir um ardor muito desconfortável, dificuldade em abrir o olho devido à luz, lacrimejava tanto que mais parecia a plateia da Oprah Winfrey (all rights reserved).
E eis que fui. A pré consulta tratou-se basicamente de me ordenarem a meter o queixo num suporte e encostar a testa num outro e ficar ali com os olhos arregalados... e zás... a máquina que veio do inferno soprava-me com um sopro de ar que me arrepiava até nos colhões. Não por ser ar frio, mas por ser um sopro todo cheio de pujança e vindo ninguém sabe de onde.
Seguiu-se a cena do costume em que te pedem para dizeres que letras estás a ver e tudo, elas vão diminuindo em tamanho e tal e informam-me que depois terei que esperar até ser chamado para a consulta propriamente dita.
Quando sou chamado, pego no coração e levo-o nas mãos para a sala, sou obrigado a sentar e, depois de uma conversa bué baratinha, a senhora doutora coloca a sua máquina em posição, ordena-me o queixo e a testa encostados cada um ao seu poiso e, assim que acende a luz da máquina diz logo:
_Pois pois pois... você o que aqui tem é um depósito do adenovírus. Ui... lá está. Sem dúvida. Está carregado dele.
_Aaaaaaaiiiiii c'orrôre! Você não me diga uma coisa dessas, melher. Como é que é possível??? (pensei eu, à bixa).
_Ah sim? -indaguei eu, à macho.
E patati patatá, acoli e acolá... eis que o filho da puta de um cabrão do caralhinho do vírus que me trouxe a graça do pinkeye deixou-se ficar depositado na minha córnea e, quando isso acontece, é bem capaz da ordem de despejo fazer-se valer apenas por daqui a um ano. UM ANO. Trezentos e alguns dias.
Setenta euros depois, estava eu já na farmácia para comprar a medicação. E comprei-a. Trinta euros após a compra, estava já eu de volta ao trabalho e a receber um lembrete no telefone de que já se vai fazendo tempo de pagar IUC (imposto único de circulação). Trinta e dois euros e oitenta cêntimos depois de o ter pago, só me apetecia mandar tudo pró caralho mais velho, carregando no LHO e pegando nas minhas coisas, metendo-me dali para fora, indo para algum sítio afogar os meus últimos euros num composto alcoólico qualquer. Ou então em ganza. Idealmente em ambos, mas não daria para tudo.
Ao chegar a casa, e ao sentar-me ao computador para partilhar esses meus momentos, medito serena e tranquilamente sobre as palavras da sabedoria hindu da antiguidade: Foda-se!
3 comments:
Tu tens um adenoquê???... Isso pega-se? -.- olha que vou aí em Setembro, não quero apanhar dessas cousas!
epá que diabo de coisas que tu arranjas também, xissa..
adenovirus.... heishhhh que boa porrinha ai vai. Qualquer coisinha que o moço precise (sem ser dinheiro) é favor pedir por telefone ou mail, não vá o adenovirus querer mudar de casa antes dos 300 e tal dias tá???
O beijo e as melhoras kelega twiliteiro
não é à toa que sou fã desta merda.
tu, per si, tens o dom da palavrinha na ponta dos dedinhos, louvado...seja a pombinha do menino jesus...
mas voltando ao adenovirus - vou-te contar- não te bastava 1, agora tens um depósito deles...
se precisares de clorocil, diz que te mando pelo correio, ok?
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