HOW IT ENDS_BY_DEVOTCHKA
Há momentos em que paramos... e a vida corre rápida e inexorável, enquanto nos deixamos quedar, prostrados, perante sensações estranhas, inquietas. Há momentos em que tudo pára. Menos a vida de quem viu tudo parar. Essa corre, veloz... parece que se apressa a chegar a qualquer sítio.
Há um mês atrás, parou-me a vida. Por instantes tudo ficou surdo, tudo ficou afónico, tudo ficou cego. Parou tudo. Parecia que tinha sido atingido por uma força tal que me congelava, que me impedia o pensamento, o sentir, o querer e o viver.
Por muitas mensagens que leia, por muitas vozes que me digam, por muitos gestos que me transmitam que tu permanecerás sempre, o que eu sei, Palhacito, é que te não tenho mais. Que não estás mais. Que não ouvirei jamais, novamente, a voz da tua realidade viva. O que eu sinto, Palhacito, é uma perda devastadora, que nem em quatro mil palavras a poderia descrever, nem em quatro mil frames a poderia transmitir. O que eu sei, Palhacito, é que te perdi.
Não me angustia a falta que me fazes agora, nesse instante. Angustia-me a falta que tens feito desde há um mês para cá, e a falta que sempre farás, eternamente... No meu hoje, no meu amanhã, no meu depois de amanhã, e no meu sempre e sempre e sempre.
A vida vai passando, super sónica... deixando um ruído como rasto, uma confusão de momentos que tão depressa nascem como se fazem passado. Em meios segundos, tanta coisa acontece, tanta coisa se fez, se disse, se sentiu, se viu e se ignorou... Apenas a tua falta é lenta. Apenas a tua ausência permanece, apenas o que eu sei se mantém... Que te perdi. Que não estás mais.
No coração sempre te tive, sempre te tive na alma... Mesmo quando, há 4000 frames atrás, partilhávamos um mesmo espaço físico. Não foi agora que te ganhei na alma... já te tinha ganho há muito tempo. Nada alterou isso. O que alterou foi que partiste. Que o abraço deixou de ser possível, o sentir-te perto, fisicamente perto, deixou de ser real.
Não voltaste não ao teu estado de luz, não foste não habitar na metade da nossa estrela, não estás não a ver-nos através de uma janelinha no firmamento... Por vezes, Palhacito... não acredito em nada disso. Por vezes o que sinto e sei, é que morreste. Que te não tenho mais.
E a minha vida vai parando e voltando a correr... e ora pára de novo... e ora corre mais um pouco... Mas em qualquer desses estados de movimento/inércia da minha vida, as quatro mil frames percorrem - ininterruptamente - tudo o que era teu e meu, tudo o que era nosso... tudo o que tu valias, e valerás sempre, para mim.
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