Em relação ao evento da Declaração das 7 Maravilhas Naturais de Portugal ,cuja transmissão eu acabei de ver através da RTP1.
O facto de ser açoriano, e ter Ponta Delgada como cidade natal, não me permite uma total objectividade sobre a opinião formada. O facto de haver um total de cinco nomeações para a Região dos Açores permite-me uma objectividade ainda menor. Mesmo assim, eis a minha espécie de crónica:
# 1 - Apresentadores
Malato é a prova mais do que provada de que a mediocridade vence quando as condições são favoráveis à morte da qualidade.
Catarina Furtado cansou a sua beleza ainda antes de Rocinante se ter estafado entre delírios e moínhos de vento. No entanto, ninguém acordou ainda para o facto. Prova-se que a mediocridade precisa de companhia à altura para se manter de pé.
Os diálogos entre os dois eram básicos, com gargalhadinhas intermitentes da parte dela e elogios a ela da parte dele. Reparei que ele estava constantemente a pisar o vestido a ela e que ela, uma vez, se esqueceu dele e colocou-se à sua frente. Tapar um homem daquela envergadura é obra pelo que reconheço o talento à moça e chego à coclusão que ela é, em essência, um tapa gordos.
# 2 - O Espectáculo
Num evento que pretendeu declarar 7 maravilhas naturais do nosso país, a coreografia apresentada declarou apenas uma, e não era nomeada: o aborrecimento. É maravilhoso ver como a necessidade de ter uma faca à mão de semear para meter aos pulsos se confunde tão prontamente com "cultura".
Estranhamente, sendo os Açores um lugar de beleza natural indiscutível e, por tal, escolhido como anfitrião natural da Declaração, não houve momento algum durante o evento em que a cultura açoriana tivesse lugar. Não houve um cantar, uma dança, um nada que fizesse projectar a cultura açoriana que é, de certo modo, resultado directo das paisagens maravilhosas que rodeiam as suas gentes.
Mas Marisa esteve lá a cantar. Primeiramente uma musiquinha sobre a gente da minha terra e, no final uma outra que só Amália sabe cantar, por isso - por favor - deixem ficar assim. Há uma diferença brutal entre fazer-se o mesmo mas de forma diferente, e fazer-se o mesmo mas de forma pior.
No geral, foi tudo muito desapropriado para um evento que se queria belo e, por tal, se deveria ter querido libertador também.
# 3 - Apresentação visual das nomeações
Uma boa escolha de imagens fez justiça aos locais que se candidatavam a maravilha. Em particular destaque, a meu ver, as imagens apresentadas para o Gerês, e para o Vale Glaciar do Zêzere. Eu não imaginava que Portugal tinhas paisagens de tamanha beleza.
# 4 - Escolha de vencedores
A meu ver, um vencedor é um vencedor e ponto final. Venceu e acabou. Fica tudo dito e pronto a andar. Sendo que há 7 categorias com três nomeações cada, creio que o justo é chegar-se a um vencedor numa categoria e avançar para a seguinte. E assim sucessivamente até ao fogo de artifício.
Somos informados de que cada região do país não pode ter mais do que dois vencedores. E isto parece-me um modelo adaptado daquele usado para avaliar o desempenho dos funcionários públicos, regindo-se não pelo desempenho real de cada funcionário, para por condições totalmente alheias à sua vontade e ao seu próprio poder: o sistema de quotas.
{Anonymous said...só um reparo,
desde o inicio de todo o processo que era do conhecimento publico que não existiriam mais do que duas vencedoras por regiao...
foi dito varias vezes e estava no site de votação...}
Não foi, assim, um evento para anunciar vencedores. Foi um evento para anunciar escolhidos.
# 5 - Sete Cidades / Pico
Dos açores, vamos com duas nomeações que chegaram até mesmo ao final. Lagoa do Fogo teria sido também uma excelente representante do que maravilhoso se tem em Portugal. Fico triste por não ter ganho e soube-o assim que se anunciaram Sete Cidades e Pico como vencedores (a nossa região estavam já com dois vencedores, pelo que mais nenhum seria de esperar). No entanto, e dada a competição na sua categoria, compreendo. Ganhou o Gerês, uma força extraordinária da natureza.
# 6 - Pauleta
Nem me atrevo a comentar o seu sotaque. Há gostos para tudo. A sua eloquência, no entanto, foi algo de verdadeiramente vergonhoso e tê-lo-ia sido mais não fossem os apresentadores um par de idiotas... pelo que ficou tudo como que em família.
# 7 - The End
O único momento em que senti verdadeiramente uma vontade enorme de estar em Ponta Delgada para ver tudo ao vivo foi no fim, quando o fogo de artifício começou na sua tarefa de iluminar a noite. E fê-lo muito bem. Adoraria ter visto in loco. Mas não vi.